Alguns ciclos não se fecham simplesmente nos limites estabelecidos nos calendários. Eles ocorrem a partir de fatos históricos determinantes de uma época. Foi assim em cada Idade da História da Humanidade.
O falecimento do arquiteto Oscar Niemeyer é um desses marcos que representam um momento ímpar. Percussor das formas arrojadas estruturais e contemporâneo de uma geração de personalidades marcantes, como Le Corbusier, Affonso Eduardo Reidy e Lucio Costa, sua ausência reforça a importância do seu legado: a concretização do pensamento moderno.
Com o término desse ciclo, encerra-se em definitivo o percurso Histórico e Cultural do século XX. Assim, o valor do traço arquitetônico que hoje tange o cursor da tela, encerra-se o discurso humanista moderno e a escala projetual que transita em harmonia entre o monumental e o introspectivo. Poucos souberam tão bem trabalhar as sensações que a arquitetura do espaço construído e o do não edificado proporcionam às pessoas.
O gênio nos lega a surpresa ao nos depararmos que junto ao seu descanso, o acompanham os preceitos do convívio, da barba cerrada e da cigarrilha. As explanadas vazias, o ritmo acelerado e a tecnologia nos proporcionam mais e mais momentos da solidão urbana.
No entanto, nos restam os textos, sua data comemorativa do dia 15 de dezembro e os prédios, ora generosos, ora singelos, muitíssimo elegantes e assinados por um homem com inteligência atemporal.