O movimento capitaneado pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil, IAB-ES, reitera o quão crucial e emergente é a conclusão das obras e, a consequente, inauguração do Cais da Artes. Essa urgência se dá em face à relevância daquele espaço, enquanto conglomerado cultural. A edificação, que abriga um polo, englobando o Museu, o Teatro e a Esplanada devem ser compreendidos como uma rara oportunidade, cobiçada por cidades mundo afora: Um Polo das Artes!
A vocação será sem dúvida, o saber e a expressão da criatividade, em interlocução com o indivíduo, sua relação com os elementos construídos e a paisagem. A proposta dos pilares do Museu sobre as águas da Baía transcende a simples ocupação daquele espaço. O Cais das Artes tem uma assinatura, foi projetado por um dos mais respeitados arquitetos brasileiros, premiado inúmeras vezes no Brasil e no exterior. Agraciado com os Prêmios Pritzker em 2006 e Leão de Ouro na Bienal de Veneza de 2016, Paulo Mendes da Rocha, capixaba, trouxe à tona por meio daquela obra, as suas memórias mais puras, mais valorosas: a percepção, a expressividade e a relação do indivíduo com a Baía de Vitória.
O que nos parece senso comum, se consolida na paisagem como um dos referenciais da Arquitetura Brasileira e já conhecida como uma das obras mais importantes da produção do arquiteto. Esse Polo Cultural, o tesouro que o Estado do Espírito Santo tem nas mãos, extrapola em muito o conjunto de potencialidades que podemos elencar nesse singelo exercício. Temos um “diamante bruto” que começou a ser lapidado e é fundamental que se tenha consciência da responsabilidade em se continuar a esculpi-lo. O Cais das Artes precisa ser encarado em definitivo como uma oportunidade ímpar e valiosa! Um atrativo cultural que agregará ainda mais valor ao nosso Estado e propiciará o desenvolvimento da cultura e os intercâmbios culturais.
O teatro será a casa da Orquestra Sinfônica do ES e deverá oferecer não somente música erudita, ópera, arte dramática e balé, mas também as expressões da cultura popular. Convênios e parcerias serão firmados, a capacitação técnica dos profissionais da Arte fará parte do dia-a-dia. O Museu poderá centralizar um acervo da produção local, mas integrado a vocação da pluralidade étnica que temos aqui. A população indígena, os povos africanos e as correntes migratórias europeias traduzem o que é o Espírito Santo hoje. Esse polo atrativo do Saber perpassa pela criação de um Comitê multidisciplinar que venha debater o modelo de gestão e a criação de um Plano Cultural.
O caráter democrático do Cais será o convite aos moradores da Região Metropolitana e dos turistas ávidos por conhecer lugares fora do senso comum. Essa é a oportunidade: ver a nossa gente e outros de todo o lugar do mundo. Um desafio, mas um passo necessário para a inclusão do Espírito Santo como novo destino Cultural e Turístico do país.
Eduardo Pasquinelli Rocio/ Arquiteto e Conselheiro do IAB-ES